Sumário do livro: "Ação Humana: Um Tratado de Economia" de Ludwig von Mises

"Ação Humana: Um Tratado de Economia" é a obra-prima de Ludwig von Mises e um dos textos mais importantes da Escola Austríaca de Economia. É um livro denso e abrangente que busca fundamentar toda a ciência econômica a partir de um único princípio: o axioma da ação humana.

Em essência, Mises argumenta que a economia não deve ser estudada com os métodos das ciências naturais (observação de dados, experimentos e formulações matemáticas), mas sim como uma ciência lógica e dedutiva. Ele chama essa ciência de praxeologia, o estudo da ação humana.

O sumário da obra pode ser dividido em suas partes centrais:

Introdução e Fundamentos: A Praxeologia

A base de todo o livro é o axioma da ação: o ser humano age propositadamente. Isso significa que as pessoas usam meios para atingir fins desejados. Parece simples, mas a partir dessa verdade autoevidente, Mises deduz toda a teoria econômica.

- Ação e Propósito: Agir é escolher. Ao escolher um caminho, renunciamos a outros. Isso nos leva diretamente aos conceitos de valor subjetivo, custo de oportunidade e preferência temporal (a ideia de que, tudo o mais constante, preferimos um bem no presente a um bem no futuro).

 - Ciência Dedutiva: Mises defende que as leis econômicas (como a lei da oferta e da demanda ou a lei da utilidade marginal decrescente) não são hipóteses a serem testadas, mas conclusões lógicas que derivam do fato de que os seres humanos agem.

Parte II e III: A Economia de Mercado (Catálise)

Esta é a seção mais longa do livro, onde Mises descreve o funcionamento de uma economia de mercado livre, que ele chama de catálise.

 - Cálculo Econômico: O pilar do mercado é a propriedade privada dos meios de produção. A propriedade privada permite que surjam preços de mercado para tudo, incluindo máquinas, terra e matéria-prima. Esses preços, expressos em dinheiro, tornam possível o cálculo econômico. Empresários podem calcular lucros e perdas, permitindo-lhes alocar recursos de forma racional para satisfazer os desejos mais urgentes dos consumidores.

 - O Papel do Empresário: O empresário é a força motriz do mercado. Ele antecipa as necessidades futuras dos consumidores e assume riscos ao organizar os fatores de produção. O lucro é a recompensa por ter satisfeito os consumidores com sucesso, enquanto o prejuízo é o sinal de que ele falhou e desperdiçou recursos.

 - Juros, Capital e Preços: Mises explica como as taxas de juros surgem da preferência temporal, como o capital é acumulado e como os preços coordenam a atividade de milhões de pessoas de forma espontânea, sem a necessidade de um planejador central.

Parte IV, V e VI: Crítica ao Socialismo e ao Intervencionismo

Mises utiliza sua teoria para analisar sistemas econômicos alternativos.

 - O Problema do Cálculo Socialista: Sua crítica mais famosa é ao socialismo. Ele argumenta que, ao abolir a propriedade privada dos meios de produção, o socialismo torna o cálculo econômico impossível. Sem preços de mercado para os bens de capital, um planejador central não tem como saber se uma fábrica de aço deve usar mais carvão ou mais mão de obra, ou se uma ponte deve ser construída ou não. O resultado é o caos, a ineficiência e a má alocação de recursos.

 - Intervencionismo: Mises também analisa o intervencionismo, ou a "terceira via", onde o governo intervém no mercado através de regulações, controles de preços (como salários mínimos ou aluguéis) e impostos. Ele argumenta que essas intervenções geram consequências não intencionais que são piores do que o problema que tentavam resolver, forçando o governo a intervir cada vez mais, empurrando a economia na direção do socialismo.

 - Inflação e Ciclos Econômicos: Ele apresenta a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos, explicando que as crises e recessões são causadas pela expansão artificial do crédito pelos bancos centrais. A injeção de dinheiro novo na economia (inflação) cria uma falsa sensação de prosperidade e leva a maus investimentos, que eventualmente se revelam insustentáveis, resultando em uma crise corretiva.

Conclusão: O Lugar da Economia na Sociedade

Na parte final, Mises reafirma o papel da economia como uma ciência fundamental para a civilização. Ele defende que a compreensão das leis econômicas é essencial para a manutenção da liberdade, da cooperação social e da prosperidade. Para ele, a economia não é apenas sobre dinheiro, mas sobre a escolha humana e a busca pela felicidade.

Em suma, "Ação Humana" é uma defesa sistemática da economia de mercado livre, baseada na lógica da escolha individual como o ponto de partida de toda a análise econômica.